quinta-feira, 5 de março de 2009

O nome da dor

O  nome da dor é mutável. As vezes morte. As vezes ausência. As vezes presença. As vezes excesso. O nome da dor não existe, só a dor existe de verdade. E é incrível imaginar como algo que arde tão verdadeiramente seja impossível de dar nome e de tocar. Há alguns minutos me ocorreu uma frase que pra mim é uma verdade óbvia: Não preciso ver o que me machuca pra saber que dói.

É por isso que achar que se afastar de alguém seja remédio para alguma dor não passa de uma tremenda ilusão. A dor da morte só deixa de ser dor quando a saudade resolve se contentar em viver numa batida de coração menos sufocante e encontra conforto na casa das boas memórias.

A dor de um amor não sabe se travestir de outra forma. A não ser que o próprio coração encontre outros métodos de sobrevivência, não é o afastamento que será capaz de destruir a autoridade de uma força tão poderosa. Ninguém morre de amor, essa é justamente a pior tortura da dor. Fazer com que você viva a cada dia lembrando que sofre com a presença dela. Latente.

Ainda bem que alguém foi sábio o suficiente para escrever um dia que “a tudo a gente se habitua”. Inclusive por ser massacrado por si próprio a cada dia.

Se ilude quem pensa que trocar um lençol pode fazer a gente parar de sentir o cheiro de quem não deita mais ao nosso lado. Mudar rotas, telefones, ambientes, tudo isso é inútil.

Os lugares não mudam de lugar na nossa memória.

A saída é viver. Do jeito que está mesmo. Doendo. Quem não dói? Não sei. Acho que nem os mortos escapam desse martírio. Vai vivendo, vai doendo. Até que o hábito de conviver com a dor te faça perceber que ela já não é tão grande quanto era no início....