segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vírgulas

Olha, eu poderia me esforçar mais para ser gentil com pessoas estranhas. Ou mesmo menos travada ao perceber alguém aparentemente interessante. Mas há uma vírgula no meio disso tudo. Eu posso beijar várias bocas, mas vou querer a sua. Eu posso ligar pra várias pessoas, mas é sua voz que eu quero ouvir. Eu posso ver um monte de gente bonita noite afora, mas é só seu rosto que enxergo em cada canto que eu piso. Vê? Você está ai o tempo inteiro. Você é essa vírgula, que fica indo de um lado ao outro da frase, mas precisa existir pra alguma coisa ser escrita de forma certa na minha vida.

Se alguém notasse de perto, poderia me chamar de narcisa ao me ver tanto tempo me olhando na frente do espelho. Mas na verdade é você que eu enxergo ali, mesmo em pensamento. É que na frente do espelho minha cara se despe ao me forçar a ver que o sentimento existe.

Eu penso que eu deveria ter limites. Eu penso que eu deveria ouvir os conselhos de todos que me falam pra deixar isso quieto e tocar minha vida. Mas ai acabo deixando tudo pra lá mesmo, entrando em um ouvido e saindo em outro. Não dá tempo de pensar em outra coisa. Eu tenho que imaginar o que você está fazendo, o que você está escrevendo, o que você está pensando e se de alguma forma eu realmente faço parte da sua vida.

Graças a Deus o ciúme, meu pior defeito, me deu trégua pelo menos em um aspecto: é tão louco e megalomaníaco que não me permite te imaginar com outra. Dói demais.
A verdade é que eu não consigo parar de pensar naquela nossa conversa, aquela que a gente não teve aqui. Aquela em que você sentou em um banco e me contou tudo que acontecia na sua vida e como você estava triste ao lado dessa sua mulher. É porque ela não é sua. Sua mulher está aqui. Sentada em um banco, esperando para colocar algumas vírgulas na sua vida.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

P.S.

Eu vivo todos os dias
As partes de uma história
Que eu não escrevi
Eu carrego no peito o peso de uma melodia
E me sinto diariamente
Incrivelmente viva
Incrivelmente triste