sexta-feira, 28 de maio de 2010

Retrato da rotina

- Você está cansada de saber que eu te amo!
-É...eu me cansei de saber disso.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aprendizado

Se eu pudesse eu te ensinava
A dar ao menos um passo acordada em cada sonho
Te ensinava que a verdade não gosta de rodeios
E que a mentira é uma bela senhora amargurada
Te ensinava a fazer doer em você o mesmo tanto que nos outros
Pra você sentir o gosto da garganta travada
Quando chorarem olhos alheios as suas mancadas
Te ensinava a conviver com a frieza
Te ensinava a esquecer canalhas na marra
Sem com isso penalizar seu coração doce de criança
Te ensinava que o mundo é arriscado
Pra quem não anda com os punhos serrados

quarta-feira, 26 de maio de 2010

"Your ex-Lover is dead"

Live through this and you won’t look back....I’m not sorry there’s nothing to say. I’m not sorry there’s nothing to save. Uma música de despedida e dois rostos no meu passado. O primeiro quase transformou meu coração em um mártir, o segundo pagou pelos pecados que não cometeu. Dois (quase) amores. Um quis fazer de mim uma santa, o outro me mostrou que ainda tenho os pés sujos de terra, bem distante de reinos sagrados. Nem anjo e nem diabo. Sofri só pra descobrir o óbvio. Sou humana.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A castanheira

Tinha alguém sentado ali
Olhando aquelas folhas secas de castanheiras voando desordenadas
Coisas secas e desordenadas lhe atraiam naqueles dias em que Deus havia decidido economizar nas cores de aquarela para colorir o céu, as praças ou mesmo a vida de quem tem esse costume inóspito de sentar e olhar as folhas voando.
Inóspito também era aquele estado de espírito em que ele se habituara a viver
Como se cada folha que passasse raspando o chão com o movimento da brisa, fosse um pedaço dele também que vagava de um lado a outro
Sem ter outro rumo a não ser aquele definido pelo vento.
Ele ainda tinha lá dentro
Nas raízes de si mesmo
Uma melodia doce e triste
Dessas que servem para acompanhar bem a chegada do inverno em um dia nublado
Era a melodia que repetia dentro de si diariamente
Com humildade, repetia coisas simples
Folhas secas, desordenadas e uma melodia de inverno
Diziam que era um homem só
Um apaixonado só, sentado embaixo de uma castanheira

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tempo virado

Todo mundo agasalhado lá fora
Estão dizendo que o tempo virou.
Meu casaco continua pendurado, nem reparei
Aqui por dentro, o frio chegou faz tempo
Já me habituei

sábado, 8 de maio de 2010

After

Com todo mundo é assim também? É todo mundo que sai de uma festa bacana, com gente sorrindo, levemente embriagada, comentando sobre isso e aquilo e no fim das contas tem vontade de dormir com um cheiro que não está no travesseiro? Porque eu não suporto essa sensação.

Porque me dói toda vez que eu chego bêbada e, antes de colocar um pijama e deitar na cama, paro pra tomar um chá quente. Pra tirar a tosse e essa nostalgia que fica no peito e não dá pra dividir com ninguém. Porque ninguém vai entender se eu reclamar que não to cheirando seu cabelo até conseguir cair no sono. Ninguém vai entender que vai ser mais leve se eu apagar a luz do quarto pra dormir depois que ligar o computador no meio da madrugada pra olhar aquela sua foto.

A mesma que eu já parei tudo na vida só pra ficar olhando. Eu parei tudo na minha vida pra ficar te olhando. Tudo continua acontecendo. Casa, trabalho, reza, amigos, bebidas. Praticamente tudo no automático. Porque aqui dentro eu não consigo mover mais nada se não tiver você no meio. Vão dizer que é obsessão. Eu não sei o que é. Só sei que eu sinto falta. Eu já sei como é bom aproveitar tudo da vida sozinha. Mas ainda não sei o que é viver você. É só isso que me mata aos poucos.