sábado, 31 de dezembro de 2011

Virada

Não sei explicar o que acontece aqui dentro
Virei do avesso até pra mim
Não tem choro, nem explosões, nem cena, nem nada
Tem só silêncio
Este ano dispenso saltar as tais sete ondas
Vou só deixar a maré encher
E carregar o que quiser

sábado, 17 de dezembro de 2011

No confessionário

Pequei pelo excesso?
Ou pela falta?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Entre o dito e o não dito

Em pouco mais de um mês eu vivi o poema mais intenso da minha vida
Palavras me confundem demais, eu não saberia traduzir aqui tudo que vivi
Mais além, não quero limitar em letras tudo que passei
Foi um tempo de chuva bem ensolarado aqui dentro de mim
E ficou um sorriso lindo aquecendo minha memória
Pra quem fala pouco, acho que já disse o suficiente.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Redação

O que é dito nem sempre é escrito
É que a vida tem dessas
Cheia de linhas, de tintas, de ideias
Felicidade é como redação sobre as férias em brochurão de menino
Bom seria viver só de contar dos banhos de mangueira no verão
E do sabor de manga doce no quintal da avó
Só que a vida não está na caligrafia do menino, muito menos no lápis de cor
Quando o menino crescer e for homem feito,
Vai descobrir que a vida se escreveu sozinha
Sempre nas entrelinhas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Aniversário

64 anos.
Pra vc, tia.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Temporada das flores

Era para o que desse e viesse. E foi.
E de repente a cortina do medo, da angústia, da incerteza se desfez em pedaços debaixo dos seus pés.
E não precisou muito para tanto...
Larguei tudo isso de lado só porque queria ficar um pouco mais sentindo o cheiro doce do seu pescoço, perdendo minha mão no meio do seu cabelo enorme, liso e lindo e prestando atenção nas caras e bocas que você faz quando continua sonhando de manhã.
Tinha uma vida aqui dentro louca para florir e eu não sabia
A primavera te trouxe de volta em tempo...

domingo, 16 de outubro de 2011

sonho

Te ter sempre doce assim
No gosto, no corpo e na memória
Pra poder dormir em paz
Ver a vida inverter o sentido das coisas
E me fazer viver o que todo mundo costuma sonhar

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento"

Uma lágrima sempre lavando um sorriso no rosto
O calor de um sorriso secando uma lágrima antiga
Quero uma água que lave de verdade essa angústia
Que nunca mais foi embora

domingo, 2 de outubro de 2011

Calou-se

Várias palavras me aguardavam dize-las
Umas de raiva, outras de angústia, outras de ciúme, talvez algumas doces, delicadas, moldadas por sentimentos benevolentes
Palavras a pessoas de todos os tipos
O público da minha vida esperava ouvir algo
Palavras que se misturavam em um só lugar e davam corpo a algo com cores vibrantes, mas que não vibravam.
Aguardavam o som, o mover dos lábios, da língua.
Não encontravam
Da inércia só saiu o silêncio.
Só o silêncio disse tudo que quis.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Portas

Eu entro.
E não sei pedir licença.
e não é pedância,
é falta de jeito.
de traquejo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Domingos

Um dia te conto. Um dia levo pra você um pedaço daquela torta da padaria na esquina da minha vó que eu sempre comento. Todo dia eu lembro do seu riso atrapalhado, engasgado no meio do café da manhã, quando eu escolhia o momento em que você mastigava pra fazer uma piada do vizinho, da vida, da sua prima forçada. Gosto também de lembrar de como você espalhava as migalhas de pão em cima da mesa quando queria me pedir alguma coisa, comentar alguma coisa difícil de dizer. Ou de como trancava a cara olhando para a janela quando eu te aborrecia e dizia que não era nada, apertando um guardanapo embolado. Fiz promessas, não cumpri. Falei que ia pagar a conta, atrasei. Mandei flores erradas, mas anotei certo a sua frase favorita e os trechos da música que você tanto ama. Escrevi uma bobeirinha no vapor do espelho e seu secador apagou. Você ligou de surpresa no trabalho e eu estava ocupada demais pra atender. Ai ficaram as coisas que eu fiquei de contar e não contei, o sabor da torta que você nunca provou, seu riso atrapalhado engasgando meu café da manhã, sua prima forçada ouvindo tudo que antes era tão difícil dizer, minha cara borrada de choro sem seu guardanapo amassado para secar. O amor que eu não disse perdido entre flores erradas, contas não pagas e promessas não cumpridas. Minha mesa ta cheia de migalhas que não são do seu pão.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

(...)

Vidas entre vírgulas, entre intervalos, entre ditos e não ditos.
Os diálogos, em sua maioria, cortados por reticências
incontáveis pontos disformes que moldam esse nosso abstrato.
E o que é abstrato não se define, né?
Porque não pode ser simples. Porque há uma gigantesca diferença entre o que é, o que poderia ser, o que já foi, o que deveria ser e por ai vai...
Palavras, a falta delas, a realidade, a vontade, a realização. uma vida. e uma outra vida. unidas por uma interrogação.

O corpo (des)humano

O sangue corre quando o coração bate
e o corpo sangra quando o coração fere
Mas quando a razão se suja de sangue
O coração baderneiro não sabe drenar a sujeira que fez.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O beberrão

De boca seca, peito vacilante e um falso olhar reticente
buscou o que beber.
Cerveja hoje não. Cerveja é só farra, só sorriso. Caso contrário, o porre chato no colo da boemia.
Pediu whisky. Dessa vez não era puro, veio com gelo. Pouco, mas ainda assim, gelo.
Desatou o nó na garganta.
Suavizou o impacto do gosto seco que a vida deixa na boca.
De não saber o que é sentimento e o que é sensação. O que é bom e o que é mau presságio. O malte reforça o que dói, mas esclarece o que é dúvida.
Não era dia de beber cerveja, não era pra refrescar.
Bebeu um whisky pra conversar consigo. Brindar consigo. E nada mais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O coração

pulsar antes de bater.
ou apanhar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Poeira

Quando a ventania passou, quis limpar a calçada
Tirar a sujeira
limpar onde pisava
só que o vento foi embora, mas também levou o chão.
Não sabia mais onde pisava
Não tinha certeza do que limpar.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

diálogo aberto

- como tá o tempo ai dentro?
- cinzento
- até quando estou aqui?
- não. mas não deveria te dizer isso
- por que?
- porque não é direito arrancar borboletas do estômago e entrega-las de mão beijada.
- tens medo de mim?
- e de mim também.
- não quero te dar minhas cicatrizes. nem tocar nas suas.
- ótimo, é o que eu queria ouvir.
- e agora? o que fazemos? nos amamos?
- isso não existe.
- o que existe então?
- sexo e amizade.
- pra mim, ta de bom tamanho.


Se amaram mais do que muita gente. Sem ver, sem querer.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bege, cinza ou ocre

Deveria ser triste sentir esse cheiro forte de folhas secas
De verão envelhecido
De foto amarelada
O cheiro de velho, de antigo
Que não instiga nostalgia, nem raiva, nem vontade
Deveria, de fato, ser triste ver esse seu retrato todo trincado na cabeceira do meu coração.
Mas não é.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fui ali, não comprei cigarros, tampouco voltei.

Eu sempre tive duas saídas
Ainda que os olhos sempre se vendassem para uma
E a certeza desse "sei lá o quê" doído
De um jeito paradoxalmente cruel
Me vendava e me vetava a vida
Esse mundo ai fora eu quis deixar em segundo plano
Pra viver a ilusão de ter somente aquela lá
Aquela que o laço do passado não quis me desatar
Aquela que esse tal destino me empurrou goela abaixo
Agora até no sonho
Minha mão soltou a dela
Meu medo é a herança maldita que ela deixou

terça-feira, 12 de julho de 2011

Era mentira.
Você mente e seus olhos também
E as desculpas também são uma mentira enorme
A única verdade na sua vida é seu egoísmo
E minha única verdade é a decepção
Por ter acreditado na mentira que eu criei pra mim mesma sobre você

sábado, 18 de junho de 2011

Contradições

Sabe o que me mata?
Seus olhos sempre me dizerem tudo que você insiste em negar.
Você mente, eles não.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Skydiving in vanilla

How much sour is truly necessary to get the sweet?

sábado, 11 de junho de 2011

"I wish you could see if we could be something"

domingo, 1 de maio de 2011

Retorno

Eu já não sei mais mentir para o meu espelho
Então, por favor
Vá embora daqui.
Vá embora de mim.
Essas lágrimas aqui nunca foram minhas
São todas suas.
Então faça só isso.
Seque meu rosto, pegue o que é seu e vá embora daqui de dentro

terça-feira, 26 de abril de 2011

Idiotices

O nome disso é estupidez.
Que eu sinto por vc
Que eu faço por vc
E que sempre me deixa assim
Me sentindo uma idiota
Ainda que não seja nada
Ainda que não passe de um amontoadinho de palavras que mal, mal formariam uma frase
Mas são palavras estúpidas, vazias
Que aqui dentro ecoam sem parar.
Só por serem parte dessa coisa estúpida
Que uns e outros chamam de amor.

sábado, 16 de abril de 2011

A janela

Eu não podia viver sem aquela janela
Por onde eu te via passar
Sua sentinela boba e apaixonada
Que se te olhava, você desviava
E se te virava o rosto, você voltava
Agora a janela está fechada
E você só passa na minha cabeça
Agora você olha a janela fechada
E imagina o que passa pela minha cabeça
E a janela, fechada, olha para nós duas
E se entristece em saber que a gente não tem mais por onde se olhar

terça-feira, 12 de abril de 2011

Bíblico

Fatigado de ver como sua criação manipulava, pisava e acabava lentamente com os corações uns dos outros, Deus pediu a um enviado divino que fizesse uma errata no livro do Apocalipse e a escritura passou a narrar: "...e então o amor destruiu todos os corações e houve choro e ranger de dentes".

Deste dia em diante ninguém mais pregou o amor.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"O vazio, a falta de alguém"

Ficou na lembrança um sorriso que não via há muito tempo. Apertou na garganta a saudade de um abraço dado por braços cansados, mas sempre carinhosos. Saltaram da memória conselhos diversos, palavras, trechos de um amor zeloso quem nem sempre eu ouvi como deveria. Ardeu no peito a angústia de um amor que deverá sobreviver por si só, na incapacidade de se materializar em um carinho. Doeu em uma lágrima rolada a certeza da partida, sem retorno. Vive ainda a esperança de que a luz una quem foi e quem fica em uma jornada posterior. Fica a vontade de que a saudade que hoje me machuca ainda me conforte.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vácuo

É bem justo que não sintas minha falta
Eu nunca estive lá

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pendências

A gente sabe que está fora do lugar
Quando tem o corpo na cama, mas os olhos na janela.
Ela acorda e passa os olhos no lençol amarrotado
Antes era a covinha das costas dela que lhe tirava o primeiro sorriso do dia
Ela levanta com o pé esquerdo e o coração cansado
Olha para o espelho com a cara amassada e o cabelo desalinhado
Vê o reflexo dela na cama e percebe que bagunçou muito mais do que os lençois e o próprio rosto
São coisas a fazer, pendências...
Lavar o rosto, trocar a roupa de cama e arrumar a vida

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Abafado

Ela não foi até a janela pegar um ar
Foi tentar se lembrar de como era a vida lá fora.