terça-feira, 18 de maio de 2010

A castanheira

Tinha alguém sentado ali
Olhando aquelas folhas secas de castanheiras voando desordenadas
Coisas secas e desordenadas lhe atraiam naqueles dias em que Deus havia decidido economizar nas cores de aquarela para colorir o céu, as praças ou mesmo a vida de quem tem esse costume inóspito de sentar e olhar as folhas voando.
Inóspito também era aquele estado de espírito em que ele se habituara a viver
Como se cada folha que passasse raspando o chão com o movimento da brisa, fosse um pedaço dele também que vagava de um lado a outro
Sem ter outro rumo a não ser aquele definido pelo vento.
Ele ainda tinha lá dentro
Nas raízes de si mesmo
Uma melodia doce e triste
Dessas que servem para acompanhar bem a chegada do inverno em um dia nublado
Era a melodia que repetia dentro de si diariamente
Com humildade, repetia coisas simples
Folhas secas, desordenadas e uma melodia de inverno
Diziam que era um homem só
Um apaixonado só, sentado embaixo de uma castanheira

Um comentário:

Anônimo disse...

SÓ?
Só num vi nenhum momento em que ele estivesse só nessa história toda.. e nunca vi também um apaixonado sequer nesse mundo que fosse só. O sentimento da gente é a melhor companhia.