quarta-feira, 22 de abril de 2009

Gerúndios

O pior de tudo são as repetições. E as poucas perspectivas visíveis.  Tudo fica mais difícil de progredir porque eu estou sempre te repetindo, te diluindo, te reproduzindo em meus pensamentos. Vagos, como sempre. É uma linha contínua com uma força oposta. Eu olho para frente, mas sigo para trás. O problema é você estar no gerúndio. O vazio que limita um parágrafo do outro é mais ou menos parecido com a tal distância entre o número um e o número dois de que a Lispector falou certa vez. 
Eu não tenho fotos suas, não tenho seus gostos favoritos, não tenho suas manias, nem as coisas que você gosta de comer quando acorda. Não tenho nada dessas pequenas coisas que nos prendem a alguém. Mas tenho saudades. E é isso que eu não digo aos quatro cantos, mas é o gerúndio que carrego dentro de mim. O tempo vai passando e eu permaneço te repetindo. A vida vai andando e continuo te esquecendo, é por isso que eu nunca te esqueci. 

2 comentários:

Drica disse...

Obrigada pelo comentário no meu blog. Gostei muito do que você escreve e da maneira como o faz. Me identifico. :)
Abraço!

Ana Clara Otoni disse...

Eu poderia estar continuando esse texto, se não estivesse sendo tão óbvia por estar comentando como o título sugere. Mas é que tenho andado um pouco caduca, do verbo monografando.Bjo, moça!